sexta-feira, 19 de junho de 2009

Morrer para não matar

Eu que seguia o fado acompanhado de bitoque, vejo-me cada vez mais português e um dia destes a cantá-lo a bife. É incrível a história da minha vida, mas tudo se resume a duas palavras: sentido e destino. E deles falo em três episódios, que são ontem, hoje e outro dia.

Alinho-me em três alíneas:

alínea R) Quando senti ter descoberto o sentido da minha vida perdi-me com destino a ele. Acreditava obcecadamente que do amor que deveras sentia não era eu meritório. Abandonei ao fundo este episódio com um coração coxo, pelo desejo de permitir que ele melhor (sobre)vivesse e morri-me pois para que ele não morresse.

alínea A) Mais tarde senti descobrir o que me estava destinado, mas acabei sentido. Acreditei na certeza de um amor que tudo recompõe, mas foi ela quem se descompôs. Desta novela saí abandonado para que pudesse recompor o tudo que terei pela frente, com um coração careca, ainda que com muito crédito emotivo. Morreu-se-me para que sobrevivesse.

alínea AR) Agora que me sentia destinado a sentir nada de novo, assisto-me a chorar por tudo que de novo me escapa. Eu não quero agarrar ainda que muito o desejasse, mas são fantasmas que me percorrem as letras que me inscrevem. Agora não foram sentidos, ainda que muito os sinta. Sinceramente entrego-me em presente ao futuro e não me aceito de volta. Neste argumento vejo-me com o coração baralhado e creio que em breve mo devolvem quebrado.

Pelo meio dancei com almas puras e naufraguei com outras brilhantes que me mostraram a dureza de um coração mole. Não foram línguas que senti, mas almas em pequeno e grande formato, que me tocaram fundo ainda que de passagem e que hoje me habitam ainda que não comigo. Os sentidos trocaram-me as voltas, o destino baralhou-as de novo. Destinando-me a perder o sentido sigo em volta da minha vida. É este eu o que sou, hábito que não habito.

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